Pelo menos as boas decisões, bem tomadas.
Acontece que a parte analítica/devagar do nosso cérebro (Sistema 2) começa a ficar cansada e as decisões passam a ser tomadas somente pela parte rápida (Sistema 1) do nosso cérebro.
Esse conceito foi criado pelo autor Daniel Kahneman e divide o pensamento humano em duas formas.
Sistema 1 (Rápido)
É o modo de pensamento automático, intuitivo e rápido. Ele opera de maneira inconsciente, baseado em instintos e experiências anteriores. Esse sistema é usado para tomar decisões rápidas, como reconhecer uma face familiar em uma multidão ou reagir instintivamente a um perigo iminente. É eficiente e consome pouca energia, mas pode ser suscetível a vieses e erros.
Sistema 2 (Devagar)
É o modo de pensamento mais deliberado, analítico e lento. Envolve raciocínio lógico, cálculo consciente e ponderação. Esse sistema é ativado quando precisamos fazer algo que requer esforço mental, como resolver um problema matemático complicado ou tomar uma decisão importante e complexa. Apesar de ser mais preciso, é mais lento e consome mais energia mental.
Kahneman mostra como esses dois sistemas influenciam nossas decisões no dia a dia e como o Sistema 1, apesar de ser útil, pode nos levar a tomar decisões precipitadas ou equivocadas devido a heurísticas e vieses cognitivos. Já o Sistema 2, embora mais confiável, nem sempre é ativado, especialmente quando estamos cansados ou sob pressão.
Isso quer dizer que eu preciso que os meus colaboradores também assumam a responsabilidade pela tomada de pequenas decisões.
Caso contrário, vou gastar meu estoque de boas decisões com coisas que poderiam ser decididas por outra pessoa.
Como, por exemplo, quando o funcionário sempre te manda um e-mail, antes de enviar para alguém, só para você conferir se está bom.
Parece bobo, mas é mais uma decisão no seu dia. Definir se está bom ou não.
Você precisa incentivá-lo para que ele mesmo releia o e-mail, tire as dúvidas de português, usando um corretor ortográficos, se for o caso, e peça a opinião de um colega, ao invés da sua, se achar necessário.
É claro que podem acontecer situações críticas, mas geralmente são e-mails simples e situações repetidas.
Coisas que já foram definidas, mas que ele está inseguro para enviar.
É, no fundo, uma delegação para cima que, sem você perceber, consome a sua energia.
Além disso, se eu coloco muitas reuniões no dia, eu também gero uma sobrecarga de decisão já que, no geral, reuniões são momentos em que o meu time precisa que eu tome algumas decisões.
Outra forma de gastar muito com o estoque decisão é ficarem te interrompendo o dia inteiro, no WhatsApp, no e-mail ou no intranet. Para ver uma coisinha. Porque de coisinha em coisinha o seu dia vai embora e, sem você ver, você vira agenda dos outros.
Então, tenha em mente que você precisa tomar algumas poucas decisões no dia, pois a qualidade das decisões é uma curva decrescente de correlação entre quantidade e qualidade.